Nesta sexta-feira (20), a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) anunciou a construção do primeiro conjunto habitacional com fiação enterrada no Estado de São Paulo. A iniciativa foi divulgada durante seminário, promovido pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SDUH), que abordou o “Desenvolvimento Urbano e Serviços Públicos: Infraestrutura Subterrânea e Enterramento de Redes Aéreas”, na Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
O empreendimento, que está em fase de planejamento, será construído em Águas de Lindóia e contará com 45 unidades habitacionais. Atualmente, equipe da companhia executa o levantamento de custos da obra.
Reinaldo Iapequino, presidente da CDHU, recordou a expansão das atribuições da Secretaria de Habitação, que, sob a liderança do secretário Marcelo Branco, passou a atuar para além da produção habitacional, quando o governador Tarcísio de Freitas atribuiu à pasta a tarefa de focar também no desenvolvimento urbano.
O novo empreendimento é um exemplo dessa nova visão, segundo Iapequino. “É uma experiência inédita para nós. A CDHU mantém a produção habitacional, que faz tão bem há décadas, mas agora com um olhar para cidades com soluções inovadoras”.
Durante o seminário, o presidente reforçou a importância do planejamento a longo prazo, mesmo que os custos sejam inicialmente elevados. “O que é caro fazer hoje, futuramente pode ser ainda mais caro se não for feito. Portanto, se desde agora conseguirmos planejar, incluir no desenho urbano e técnico o que precisa ser feito, estaremos melhor preparados para enfrentar esses desafios”, concluiu Iapequino.
A diretora de Projetos e Programas da CDHU, Maria Teresa Diniz, destacou a importância do novo desafio: “Nada ensina mais do que a prática. É um desafio que vale a pena”, considerou. “Quando os benefícios chegam aos moradores, especialmente às pessoas em situação de vulnerabilidade, que devem ser nosso foco, não restam dúvidas de que todo o esforço é válido. Dessa forma, melhoramos a cidade e proporcionamos mais qualidade de vida”, reforçou. “Os projetos têm o papel de compatibilizar as disciplinas, negociar as prioridades dos setores”, pontuou.
A CDHU pretende orientar e servir de exemplo para futuras instalações, prevenindo problemas associados à fiação exposta.
O Seminário
O encontro, que teve como objetivo ampliar a discussão sobre a urbanização e a infraestrutura de serviços públicos essenciais, contou com a presença de representantes de órgãos públicos, concessionárias, e a sociedade civil.
O anfitrião Roberto Matheus Ordine, presidente da Associação Comercial de São Paulo, falou da relevância de eventos que contribuam com o avanço de São Paulo. “Esse evento nos deixa felizes porque mostra que estamos evoluindo. Não faz sentido uma capital como São Paulo ter fios embolados, ou os chamados ‘gatos’. Tenho certeza que os debates serão muito bons para o desenvolvimento que São Paulo merece”, afirmou.
As discussões foram divididas em quatro painéis:
Introdução (apresentação de autoridades), com participações de Roberto Matheus Ordine, Presidente da Associação Comercial de São Paulo; Thiago Mesquita Nunes, Diretor Presidente da Arsesp, Diretor de Regulação Técnica e Fiscalização de Serviços e de Relações Institucionais e respondendo pela Diretoria de Regulação Técnica e Fiscalização Econômico-Financeira e de Mercados; Marcos Monteiro, Secretário Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras do município de São Paulo; Marcos Penido, Secretário Executivo de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo; e de Reinaldo Iapequino, Presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU).
O painel Infraestrutura Subterrânea contou com a mediação de AmauriGavião, da Arsesp, e participação de Carla Sautchuk, Diretora de Operações e Serviços da Comgas; Ricardo Batista, Gerente da Regulação Técnica da Sabesp; Alex Campos, Diretor do Departamento de Controle e Cadastro de Infraestrutura Urbana CONVIAS; e Brenno Machado Nogueira, Diretor Institucional e Novos Negócios da ACCIONA.
Na discussão sobre Enterramento de Redes Aéreas, debateram Maria Teresa Diniz, Diretora de Projetos e Programas da CDHU; Karine Matsunaga Lopes Torres, Head de Construção e Manutenção de Alta Tensão e Subterrâneo da Enel São Paulo; Felipe Aguiar, Diretor de Projetos de Infraestrutura da TelComp; Antônia Ribeiro Guglielmi, chefe da Assessoria Técnica do Núcleo de Planejamento da Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras SIURB, com mediação de Eduardo Sormanti Hassin, Superintendente de Assuntos Energéticos da Arsesp, e Thiago Pedroso, Gerente de Serviços de Rede de Energia Elétrica da Arsesp.
No painel final, que abordou Necessidades e Soluções, estiveram a diretora da CDHU Maria Teresa Diniz; Lígia Lamberti, gerente de Programas e Qualidade da CDHU; Marcos Harano, Executivo da Autodesk; e Cristiane Cortez, Assessora Técnica do Conselho de Sustentabilidade da Fecomercio SP. A moderação foi novamente de Eduardo Hassin e Thiago Pedroso.
Atores-chave estiveram reunidos durante todo o dia para discutir boas práticas e soluções para a gestão e o uso compartilhado do subsolo e das redes aéreas. A SDUH e a CDHU, apesar de não serem responsáveis diretamente pela gestão dessas infraestruturas, ampliaram seu escopo de atuação para também fomentar o desenvolvimento urbano em regiões metropolitanas, promovendo debates como o do enterramento de redes.
O enterramento de redes aéreas foi um dos temas centrais, destacando sua importância para a segurança e continuidade dos serviços. Dados apresentados durante o evento revelaram que, entre 2009 e 2014, 36 mil ocorrências envolvendo fiações aéreas resultaram em 4 mil mortes, segundo o Instituto de Defesa dos Consumidores (Idec). Além disso, estima-se que há cerca de 50 milhões de postes no país, dos quais 10 milhões têm ligações clandestinas, segundo a Anatel.