Edital de chamamento para construção modular off-site foi lançado pela Companhia no início do ano e encontra-se na fase de análise e habilitação das propostas
A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) participou, nesta segunda-feira (26), da Semana Nacional de Engenharia, promovida pelo Instituto de Engenharia (IE). Na ocasião, a diretora de Projetos e Programas da CDHU, Maria Teresa Diniz, apresentou como os projetos habitacionais da Companhia já incorporaram e pretendem dar continuidade à construção industrializada.
Participaram também do seminário Íria Lícia Oliva Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira de Construção Industrializada de Concreto (ABCIC), e João Crestana, engenheiro do ano de 2011, segundo o Instituto. A mediação foi feita pelo vice-presidente de Atividades Técnicas do IE, Ivan Whately.
Durante a roda de conversa, Maria Teresa destacou que essa forma de produção é diferente da que predomina na Companhia atualmente, mas que enxerga com animação a maior utilização da nova modalidade. “É uma mudança na forma de trabalhar. Há um investimento maior na etapa de projetos, para que a gente possa ganhar prazo na execução das obras. Temos clareza que não é somente industrializar as obras, mas que muda todo o processo de desenvolvimento e de produção desse tipo de construção na CDHU”, explicou.
A CDHU atuou, de maneira rápida e efetiva, após as fortes chuvas que ocorreram no Litoral Norte no início de 2023, e a construção modular off-site foi uma das soluções exploradas. Diante de muitos desabrigados, essa situação extrema exigiu da Companhia, responsável pela construção das unidades habitacionais, agilidade no atendimento e inovações, como a escolha de métodos construtivos não convencionais e o reforço na fundação dos empreendimentos, por exemplo.
Os moradores que perderam suas casas foram direcionados, então, após um ano, em tempo recorde, para as 704 novas unidades habitacionais construídas pela CDHU. Foram 186 novos apartamentos em Maresias e mais 518 residências no Bairro Baleia Verde, sendo investidos R$ 260 milhões nos dois empreendimentos.
A Companhia pretende dar continuidade ao uso desses métodos e replicá-los em outros empreendimentos de forma estruturada, planejada e em maiores escalas, sempre mantendo o padrão de qualidade da Companhia. "Ao longo do ano passado, começamos, então, a construir um edital e um chamamento de construção off-site para a CDHU. O edital foi lançado no começo desse ano, buscando incentivar a inovação tecnológica. É um desenvolvimento de engenharia para além da produção tradicional da CDHU, não em substituição, mas adicionalmente ao que já fazemos", disse.
A meta é construir, dentro do período do próximo Plano Plurianual, até 2027, 7.500 habitações verticais, 7.500 habitações horizontais unifamiliares (casas) e 100 mil metros quadrados de prédios para uso público. Atualmente, o edital se encontra na etapa de análise e habilitação. O processo já passou, desde o início do ano, pelo cadastro de interessados e pela inscrição das propostas. Depois, as habilitadas passarão para as provas de conceito e pela análise e homologação desses sistemas. Após esse processo, acontecerá a execução em larga escala, com a contratação dos conjuntos. Haverá a indicação de terrenos pela própria CDHU ou pelas empresas que podem trazer os terrenos na modalidade de Carta de Crédito Associativo (CCA).
Entre as vantagens para a utilização das habitações pré-fabricadas estão a menor emissão de poluentes, a redução de desperdícios, menor geração de resíduos sólidos, além do menor prazo para construção.
A diretora da CDHU, por fim, destacou a importância do compartilhamento de informações sobre o tema e reiterou a necessidade de se agregar a expertise do mercado. "Estamos muito animados e queremos aprender com o mercado como podemos adotar cada vez mais esses sistemas e se beneficiar deles e como vamos utilizar essas informações da melhor forma possível, com diversidade arquitetônica e urbanística", finalizou.
Esse chamamento para empresas de construção modular para atuar nas políticas públicas desenvolvidas no Estado foi visto com bons olhos pelos presentes. Íria Lícia Oliva Doniak, presidente da ABCIC afirmou que a adesão de órgãos públicos, como a CDHU, fortalece o meio: "Foi necessário, durante a tragédia em São Sebastião, industrializar para prover essas unidades habitacionais rapidamente. Isso acabou impulsionando a criação de um programa mais abrangente, o que para nós é importante, porque faz com que muitos entraves sejam derrubados por existirem cases reais protagonizados por essas contratações emergenciais".
João Crestana, por fim, abordou a importância de se produzir mais habitações para gerar uma real diminuição do déficit habitacional. Ele ponderou que, com esses métodos de produção industrializados, obras com prazos de 36 meses se viabilizam com 18 a 24 meses, por exemplo, o que impulsiona a produção em larga escala no país. "Esse entusiasmo do poder público, que a Teresa tanto demonstra, permite se fazer canteiros atrativos com mão de obra qualificada", pontuou.